segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Do servilismo à Revolução: “1, 2, 3 EXPRESSO”


Do servilismo à Revolução: “1, 2, 3 EXPRESSO”

Após 75 minutos de subserviência, time supera derrota por 0x3 e conquista empate no final

      Desde as primeiras rodadas era conhecido do grupo boêmio-ferroviário o desafio de enfrentar as melhores equipes da competição, quase todas elas, nas rodadas iniciais. Tendo em vista esta excepcionalidade da tabela, firmaram um pacto de preparar o time para o momento decisivo, o do embate com adversários diretos na luta pela classificação na parte final da Farroupilha. Desde o segundo compromisso apostando em marcar à frente e tirar o espaço dos oponentes já na saída de bola, o Expresso foi construindo um sistema sólido de contenção e, em seguida, passou a marcar gols. Da sexta à nona rodadas, depois de 4 derrotas e um empate nos cinco jogos iniciais, o time obteve 10 dos 12 pontos disputados, e parecia encaminhado para consolidar-se como força emergente do certame. No entanto, muitos jogadores desapareceram ou tiveram compromissos particulares ou profissionais, prejudicando a continuidade da evolução técnico-tática, e, apesar de ter mantido-se invicto contra rivais diretos, a pontuação avançou a passos de tartaruga. Além disso, muitos dos que ficaram passaram a questionar a proposta tática do time, e o resultado disso foi a desorganização dentro de campo, levando a perda de pontos importantes quando o prognóstico era de chegar à classificação com algumas rodadas de antecipação.
     Na manhã do último sábado o Expresso parece ter chegado ao fundo do poço em termos de comprometimento, apresentando acintosa desorganização e descumprimento de determinações da comissão técnica, encarando a esmo o Borrachos e expondo-se ao ridículo e à derrota. Realizando sua pior partida no campeonato, levava 2x0 aos 65 minutos, quando o treindor-jogador José Staudt revolveu a formação da equipe, mudando peças e posicionamentos, reestruturando-a conforme havia sido idealizada meses antes. Um minuto depois, porém, Leandro Silveira cometeu pênalti inacreditável e o Borrachos chegou aos inalcançáveis 3x0.
     Entretanto o realinhamento do quadro parecia ter influência cósmica, e a modificação do panorama foi avassaladora.

Revoluções por Minuto

     Tudo parecia definido quando Araldo Neto saiu para o lado direito e a bola voou para o esquerdo no pênalti que ampliava a vantagem dos alvicerúleos. Abatidos em campo, os boêmio-ferroviários agiam mecanicamente no gramado, fazendo a bola circular de um lado para o outro, quase esperando pelo apito final. Mas então, com a nova formação que já havia sido gestada e inclusive experimentada ante situações terrivelmente desfavoráveis, um evento inesperado ocorreu: com a redonda pela direita de ataque, o meia contrário carregou-a displicentemente até chegar um marcador expressano em piloto automático. O meia, então, tentou aplicar-lhe um balãozinho. Com ela parada sobre a grama. Pode ter sido o gatilho que esperava para ser acionado, transbordando toda a frustração dos azulados com a atuação vexatória e passiva que desempenhavam. É desnecessário dizer que o lance não teve continuidade, visto que 3 corujas atacaram-no simultaneamente, recuperando a esfera e recolhendo-a com raiva e brio. Recobraram o ânimo, completamente abatido. Realinharam-se em campo, com o único objetivo de responder. E com isso veio o primeiro gol, de pênalti, jogada de Allison Raupp, já remanejado para o ataque, que enviou a redonda para Staudt por cima, e este, dominando-a no peito, foi abalroado pelo zagueiro pelas costas para depois converter a cobrança. O gol, 30 do segundo tempo, incendiou o time, que avançou definitivamente sobre o campo borracho, amordaçando sua tentativa de evitar a pressão irresistível, e mostrando todo o potencial que o Expresso recusa-se a deixar florescer por puro complexo de vira-latas.
     Aos 35, Fernando Gutheil, agora como cabeça de área, e não mais como centroavante, combateu como um soldado do povo na batalha de Stalingrado contra os nazistas na Segunda Guerra, e, avançando a linha de marcação, tomou a bola na intermediária ofensiva, que caiu para Vinícius Guimarães. Este dominou-a e deixou-a voar por sobre o goleiro, lá de longe, com um leve toque de pé direito que soterrou as esperanças contrárias de segurar a vitória. Era um bombardeio.

     El Condor Pasa

     Araldo Neto, arqueiro que por anos fechou a meta boêmia, agora é recrutado ocasionalmente, geralmente quando Mateus Trombetta, o melhor arqueiro da UEFA 2013, não pode comparecer. Sempre lesionado, não sente o peso sobre as largas asas e domina, apesar das dificuldades, o velho espaço que se acostumou a defender.

     Foram muitas as intervenções que foi obrigado a realizar durante o jogo, mas nenhuma delas tão colossal quanto a última, Borrachos 3x2, 40 minutos da etapa complementar. O adversário escapou por um segundo da marcação implacável a que era submetido incessantemente havia, já, 10 minutos. Com Leandro Silveira a persegui-lo, chegou à área com suas últimas forças, tendo apenas Condor Neto à frente para matar o jogo e talvez selar o destino do Expresso. No momento decisivo, com Silveira lançando-se contra ele, disparou rasteiro, já acossado, também, pelo monstro de asas. Ela desviou, encaminhou-se para o arco e passou assobiando como o Minuano, tirando tinta do poste e saindo pela linha de fundo. A defesa proporcionou à equipe seguir lutando e, aos 43, depois de excelente troca de passes no meio, Pedro Fernandes, que havia ingressado na frente, surgiu por entre os defensores e foi agarrado na área, em pênalti mais uma vez convertido por José Staudt. 
     A insistência continuou e, por fim, um miserável detalhe impediu que o Expresso, na pressão infernal a que submetia o oponente, chegasse à vitória inesquecível, pois cruzamento de Guimarães passou pela zaga e achou Staudt quase na linha de fundo, que bateu para o meio e a bola encobriu o goleiro, oferecendo-se limpa no interior da pequena área, onde quicou uma, duas vezes antes de ser rechaçada dali por um desesperado retaguardeiro que só pensava na cerveja que não chegava nunca.


Expresso da Madrugada 3x3 Borrachos

PT = 0x1
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 23/08/14
Horário: 9h30

Copa Farroupilha

Escalação: Araldo Neto – Leandro Silveira, Artur Weiss, Marco Viola(C) e Cristian Pheula; Ricardo Toscani, Carlos Fernandez, José Staudt e Allison Raupp; Geverton Ost e Fernando Gutheil. (Fernando Fernandes, Pedro Fernandes e Vinícius Guimarães). DT: José Staudt.

Gols: José Staudt (2) e Vinícius Guimarães.

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