terça-feira, 13 de maio de 2014

Na senda da Revolução

Na senda da Revolução
Trinta e um de dezembro de 1958, Hotel Capri, 23h30. Enquanto bailam desajeitados ao som da rumba, taças de espumante na mão, poucos são os mafiosos estadunidenses que desconfiam de que sua festa em terras cubanas se aproxima do fim. Às portas da cidade de Havana, vindo da vitória épica em Santa Clara, Ernesto Guevara, o Che, avança com sua coluna para render a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista, que neste horário já decola rumo a Miami onde será recebido por seus comparsas do país vizinho. Um pouco mais atrás, o líder máximo da Revolução, Fidel Castro Ruz, chega para fechar definitivamente o ciclo de exploração a Cuba iniciado com a colonização espanhola, ainda no século XV.

Mais de meio século depois, reunidos à beira do gramado, os expressanos deliberam. São 11h55 do dia do trabalhador, 2014, e discutem a continuidade do movimento. Podem voltar a defender, apenas; ou seguir atacando. O time vem perdendo, mas, fora o primeiro tempo da partida contra o Mimo, jogando bem. Vão enfrentar o vice-líder da competição, invicto, 4 vitórias em 5 jogos. Decidem seguir em frente: de derrota em derrota, até a vitória final! Para a desigual contenda sobravam apenas 13 guerrilheiros, número ínfimo se comparado com o de combatentes inscritos, mas quase a mesma quantidade de heróis que haveriam de reconquistar a maior ilha caribenha contra todas as forças e prognósticos. Com a dissidência afastada, era revolução ou morte!
Revolucionários cubanos expulsam norte-americanos e caminham com as próprias pernas!

Desde o segundo inicial o Expresso utilizou-se de todas as armas que poderia para tentar atingir o longínquo objetivo. Aliás, antes mesmo do segundo inicial! Já no sorteio o capitão Arthur Weiss, auxiliado por Bruno Rodrigues, Geverton Ost e José Staudt, apostou todas as fichas no vento minuano que soprava fora de época nos descampados do Muradás. Com poucos homens com quem contar, a tática era usar o que pudesse para obter um triunfo surpresa e, depois, consolidar a ação puramente na coragem. Em poucos minutos, então, Expresso e Minuano rendiam o Gaudério em seu campo, martelavam as posições contrárias incessantemente e, mais do que merecidamente, abriam o placar: jogada pela esquerda de Nathan Silva, cruzamento que a zaga não afastou e conclusão dupla de Geverton Ost!
Rodrigues quase havia anotado antes em duas oportunidades, o próprio Ost por pouco não marcara um golaço olímpico e, depois do gol, Vinícius Guimarães acertou o travessão em cobrança de falta.
O oponente seguia atordoado com a aplicação e qualidade dos soldados boêmio-ferroviários, e suas tentativas de reagir paravam na excelente retaguarda expressana e no vento. Refeito da desorganização da partida anterior, o setor defensivo contava com o retorno de Pedro da Rocha à lateral direita, onde não houve batalhas perdidas; no miolo, Marco Viola e Cristian Pheula mantinham os adversários sob fogo cerrado, e o que passava, parava na cobertura precisa de Weiss. Pela esquerda partiam os contragolpes assustadores de Nathan Silva.
Com uma nova configuração de meio, com Guimarães e André Silva pelos lados do losango, e José Staudt, mais agudo, à frente deles, o predomínio territorial era todo celeste, e a ampliação do escore era questão de tempo. Quando Guimarães sofreu falta na intermediária, Geverton Ost confirmou as previsões do Diretório Revolucionário com um tiro seco e letal que desestabilizou completamente o governo.
Che e os atletas do Madureira, do Rio de Janeiro: clubes comunistas.

Depois do descanso, que serviu para reavaliar a situação em que se encontrava a pelea e discutir as melhores alternativas para frear uma eventual reação, o Expresso retornou disposto a não permitir que o sofrido povo cubano fosse novamente subjugado por aqueles que deveriam zelar pelo seu bem-estar. Imbuídos do mais alto sentimento patriótico-revolucionário, dariam o sangue para manter as conquistas obtidas com tanto sacrifício e, apesar do cansaço, seguiram atuando ativamente na contenção do rival e fustigando-o briosamente quando este abrisse o flanco. Foi assim que Ost, novamente (o seu terceiro no jogo - https://www.youtube.com/watch?v=ZBoqCDSrWi8) ampliou ainda mais a vantagem ferroviária ao colocar por cobertura da entrada da área e praticamente definir a vitória dos rebeldes.
Nem as mais precárias condições em que se encontravam alguns de seus homens, como Rocha, que saiu sentindo cãibras para ser substituído por Ricardo Toscani, que nem caminhar podia, foram motivo para uma queda de performance, e a defesa permaneceu tão segura quanto estava nas primeiras escaramuças. Carlos Fernandez já havia também tomado parte no conflito com grande eficácia ao ingressar para a saída de Vinícius Guimarães, abatido pela cirrose.
No lance derradeiro do combate o Gaudério anotou o seu gol, um arremate indefensável para Mateus Trombetta, nome memorável do encontro. E tão logo soou o apito definitivo, semelhante a um silvo de saudação aos obreiros pelo alcance da meta de produção açucareira ou metalúrgica anual, foi dado início às comemorações pelos novos dias na terra da madrugada.
A revolução continua! A história nos absolverá. De derrota em derrota, até a vitória final!
Vitória da Revolução!

Expresso da Madrugada 3x1 Gaudério
PT = 2x0
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 1°/05/14
Horário: 12h
Copa Farroupilha
Escalação: Mateus Trombetta – Pedro da Rocha, Cristian Pheula, Artur Weiss(C) e Nathan Silva; Marco Viola, Vinícius Guimarães, André Silva e José Staudt; Geverton Ost Bruno Rodrigues. (Carlos Fernandez e Ricardo Toscani). DT: Martin Both e José Staudt.
Gols: Geverton Ost.


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