terça-feira, 26 de junho de 2012

Vitória aguerrida !


De volta aos trilhos
Boêmio-ferroviário vence o campeão do primeiro turno por 2x1 e ressurge na competição

O time estava em ruínas para a partida ante a melhor equipe do certame. A zaga jamais havia atuado junta, e houve improvisações em todos os setores. No banco, apenas atletas retornando de lesão. A estreia no segundo turno havia sido com derrota para o Ipanema e nenhum prognóstico indicava qualquer possibilidade de resistência boêmio-ferroviária contra o invicto adversário. Porém, a história azulada é repleta de reações inesperadas e, na figura de seu pequeno grupo de combatentes, o clube voltou a demonstrar a força que o acompanha desde a fundação, e que estava adormecida.

Quatorze atletas se apresentaram para a missão de recuperar o Expresso na Copa Farroupilha. Destes, 4 voltavam de lesão – Diego Macaco, Fernando Gutheil, Marco Silva, e, vetado pelo departamento médico, Mário Arla. No gol, após quase 4 anos afastado dos gramados, Araldo de Souza Neto, lançado às pressas devido às ausências dos demais guarda-metas do elenco, em meio à improvisação do setor e de boa parte do time. Do lado de fora, Martin Both, o comandante, lutava para encontrar a melhor maneira de neutralizar as forças contrárias junto a André Maders, também lesionado.

Virtualmente todas as divididas foram ganhas pelo Expresso, mas o poderio ofensivo contrário fazia-o dedicar-se quase que inteiramente a defender a meta. Bloqueava a entrada da área e rechaçava todas as tentativas de penetrar o seu território. Permitia unicamente os arremates de média e longa distância, que não levavam perigo ao gol de Souza Neto. Mas a insistência adversária era violenta, e a bola não parava de rondar a área. Os escanteios passaram a acontecer e, em pouco tempo, os chutes ficaram mais precisos e perigosos, e Araldo Neto começou a trabalhar.

Bola no travessão em chute de fora da área, a meta seguia invicta, 0x0. A esta altura poucas vezes a articulação havia participado do jogo, com André Silva movimentando-se por todo o campo na tentativa de levar o Expresso à frente. Rodrigo Veiga e Marciel Hein eram os responsáveis maiores pelo desafogo, mas a equipe não mantinha a posse de bola. O zagueiro Felipe Pacheco já começava a constituir-se num dos nomes mais importantes do embate, juntamente com o companheiro Diego Macaco, que contavam sempre com a cobertura perfeita dos laterais Silva e Vinícius Guimarães, além da proteção frontal de José Staudt e Carlos Fernandez, volantes. Gladiador lutava sozinho no ataque, uma vez que, recuada, a equipe levava tempo para conseguir aproximar-se dele, que era marcado por dois ou três jogadores.

Praticamente nenhuma produção ofensiva na primeira etapa, e apenas dois ou três chutes de longe, sem perigo, chegaram às mãos do goleiro adversário, enquanto Araldo Neto desdobrava-se para, apesar da solidez dos defensores, evitar que o Mônaco abrisse o placar. No lance mais perigoso, praticou defesa assustadora salvando inacreditavelmente, mas a bola voltou na cabeça do atacante, livre, com o gol vazio. Pronto para anotar, foi interceptado por dois expressanos em pleno ar, Felipe Pacheco e José Staudt, que se lançaram contra ele impedindo-o de concluir com perfeição. Bola para fora.

O primeiro tempo chegou ao fim com quase 70% de posse de bola do Mônaco, mas com o Expresso começando a encontrar alguns poucos espaços para segurar a esfera e sair da marcação. Guimarães e Hein articulavam pela direita com mais frequência, e Nathan Silva e Veiga levavam vantagem sobre seus marcadores, encontrando André Silva pelo meio.

Na segunda parte a estratégia manteve-se inalterada, e apenas um corredor semicircular que se estendia de uma lateral à outra na frente da área era permitido ao Mônaco acessar, guardado por Guimarães, Fernandez, Staudt e Silva. Já ofensivamente as coisas iam mudando, e André Silva desvencilhava-se da marcação, situação que propiciou a Rodrigo Gladiador uma aparição melhor, retendo a bola e trabalhando com os alas Marciel Hein e Rodrigo Veiga. Apareceu o primeiro escanteio. Sempre 0x0.

A tenacidade defensiva era tamanha que as oportunidades de gol não apareciam para o Mônaco. Os chutes de fora saiam cada vez mais desviados e, apesar da pressão e do volume de jogo, nada lhe era concedido em termos de infiltração. Souza Neto passava a fazer intervenções menos frequentes, ainda que a pelea próxima à meia-lua fosse absolutamente acirrada. Até que a equipe errou uma inversão de jogo de maneira perigosa. O passe curto pegou o time saindo, e apenas Felipe Pacheco ainda estava colocado para tentar, num último movimento, parar o ataque. Jogando-se contra a redonda, evitou o avanço perfeito do oponente, e ela quicou um pouco alta para a conclusão. Na fração de segundo que antecedeu o arremate, Araldo Neto saíra com precisão matemática para fechar o ângulo por completo. O tiro seco passou a 1cm de sua perna, a 1cm do poste, e perdeu-se com justiça pela linha de fundo.

Mas quando nada mais parecia poder vazar a defesa expressana, um pênalti absolutamente inexistente foi marcado pela arbitragem. Cercado e sem argumentos, o juiz avançou até o buraco sem cal provavelmente repensando a assinalação, enquanto ouvia a indignação dos expressanos. O último deles, de luvas, nada pôde fazer para evitar o pior. Mônaco 1x0.

Mas os inconformados boêmios contra-atacaram com determinação para tentar reparar o trágico equívoco. Gladiador avançou pela esquerda sobre a defensiva atônita. Contra dois, passou arrastando o que via pela frente, e saiu do meio da poeira ainda de pé, com ela à sua frente. Preparava-se para disparar o que seria o primeiro chute a gol expressano de dentro da área quando foi atingido, desabando ao som do apito arrependido, que apontava de novo penalidade máxima, agora claríssima, que coube a José Staudt converter deslocando o goleiro para deixar tudo igual.

Entraram ainda Fernando Gutheil e Marco Silva. A exemplo dos substituídos Guimarães e Fernandez, impossibilitaram a aproximação perigosa dos oponentes, com divididas firmes. Gutheil em duas oportunidades ainda na intermediária, saindo com a bola e deixando para trás o rival; Silva em outras duas, ambas de recuperação, lavrando o solo da entrada da cidadela.

As corujas visavam o ataque final, consistente e planejado. Na primeira tentativa Marciel Hein foi à linha de fundo e suspendeu com perfeição para Rodrigo Gladiador lançar-se numa tesourada voadora sensacional, que passou em branco; mas na segunda, Hein foi servido pelo mesmo Gladiador a quem servira primeiro. Matou no peito o passe primoroso, esperando o goleiro sair. Limpou-o com categoria do pé direito para o esquerdo, avançando livre de marcação para apenas escorar para o meio do gol, virar a partida aos 42 minutos e garantir a vitória. O gol da redenção do artilheiro recoloca o Expresso da Madrugada na briga pela classificação, surpreende mais uma vez os adversários e reencaminha o clube de volta às suas mais belas origens.

Expresso da Madrugada 2x1 Mônaco
PT = 0x0
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 23/06/2012
Horário: 13h

Copa Garibaldi
Escalação: Araldo de Souza Neto; Vinícius Guimarães, Diego Macaco, Felipe Pacheco e Nathan Silva; Carlos Fernandez, José Staudt (C), Marciel Hein e Rodrigo Veiga; André Silva e Rodrigo Gladiador. (Fernando Gutheil e Marco Silva). DT: Martin Both.
Gols: José Staudt e Marciel Hein.

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