sexta-feira, 15 de maio de 2015

Só há uma verdade: Expresso vive!

Por José Staudt

Só há uma verdade: Expresso vive!
É preciso, porém, que meteoro se choque contra a Terra. Astrônomos estão inquietos


      O desgraçado gol de empate do Corinthians, aos 52 minutos da etapa complementar de tempo corrido (dois minutos de acréscimos, mais 5 de cronômetro parado), ainda não foi suficiente para eliminar o Trem Fantasma da Copa Farroupilha. Mas se tudo der certo, time ainda terá que desfazer saldo negativo astronômico para chegar à segunda fase. Foi um jogo dificílimo. Para o Expresso, a maior rivalidade da Copa Farroupilha, clássico que já apareceu em 3 finais e em uma semifinal. Apelidado pela torcida Volksarmee de Ferroagem (Ferroviários x Arbitragem), a partida é sempre um campeonato à parte, cheia de polêmica, tensão e confusões. Especialmente neste ano, valia acima de tudo a dignidade expressana.
      Recuperando pouco a pouco seu perfil brigador, depois de um início de campeonato decepcionante, mais uma vez apresentou espírito combativo digno de suas origens, dedicando-se ao máximo para superar desfalques importantes e improvisações, a principal delas a atuação sem goleiro de ofício, papel que coube ao capitão Marco Viola representar.Sofrendo para acertar o posicionamento da meia-cancha, permitiu muitos espaços ao oponente para trabalhar no setor, ainda que conseguisse concatenar boas saídas de trás em contragolpes. Tentando explorar a bola parada, especialmente em escanteios e faltas laterais, exerceu alguma pressão nos minutos iniciais, mas passou paulatinamente a ser dominado pelo Corinthians. No lance mais perigoso, o ataque alvinegro levou vantagem em escanteio da esquerda que passou pelo goleiro Viola, de onde surgiu avante que cabeceou no poste. No rebote a bola caiu para a direita e novo cruzamento foi executado, a zaga não afastou e o Corinthians acertou o travessão.
      Depois de largar atrás, gol em chute da entrada da área, lado esquerdo de ataque, em que a vanguarda contrária encontrou facilidade absoluta para criar espaços na defesa marinho-celeste, os jogadores do meio tentaram reposicionar-se para compactar mais as linhas de marcação, mas o resultado foi ainda pior. Não fossem as intervenções do zagueiro-goleiro Viola e da dupla de zaga Rafael Rascati e Giovani Boccardi, que faziam partida segura, mais a falta de pontaria corintiana, o escore poderia ter se tornado inalcançável. A melhor jogada do Expresso saiu em jogada pela esquerda, quando José Staudt cruzou com perigo no meio da zaga, ela passou por Cristian Pheula e Fábio Pereira atirou-se dentro da pequena área para tocar, raspando-a com a ponta da chuteira e jogando-a pela linha de fundo.
      No intervalo o treinador Vinícius Guimarães reposicionou a equipe, reduzindo os clarões que vinham sendo aproveitados pelo adversário no meio apesar da boa atuação de Francisco Peres e Paulo de Tarso. Explicando novamente a movimentação defensiva aos atacantes Pereira e Pheula, os laterais contrários perderam a liberdade que vinham tendo, facilitando o trabalho de Leandro Silveira e Allison Raupp. O Expresso cresceu.
        Já com Sérgio Carvalho na cabeça da área e, com o passar dos minutos, com Bruno Rodrigues mais adiantado e José Staudt um pouco mais atrás, o Corinthians já não agredia mais como antes, e o time voltou à frente timidamente. Guimarães, então, se incomodou com a falta de agressividade ofensiva e começou a empilhar atacantes. Allison Raupp, que crescera no segundo tempo, deu lugar a Nicholas Zucchetti, que tinha a incumbência de apenas atacar; Pedro Fernandes, Douglas Lobi, Dartagnan Noli, todos vieram a campo, e com os laterais aparecendo muito mais, tanto Carlos Fernandez na direita quando Raupp na esquerda, e depois Zucchetti, a bola não abandonava o campo adversário. Fernandes, o atacante com 's', recebeu na meia esquerda, protegeu a esfera e partiu para cima da marcação, sendo derrubado pelas costas quando já se livrava do adversário e abria espaço para arrematar. Staudt, que pedia para voltar depois de ser atendido fora do gramado por ter recebido entrada violenta do volante rival, teve tempo de executar a cobrança de falta a dois passos da linha da área, chute baixo e no canto do goleiro, que quando resolveu reagir já não tinha mais tempo para nada. 1x1, 30 do segundo!
        Era importante não deixar o momento passar e, postado defensivamente, todavia lançando-se à frente a cada roubada de bola, os boêmio-ferroviários seguiam na luta por mais um gol, que poderia deixá-los novamente em condições de seguir sonhando. Foi quando Carvalho recuperou a bola, vislumbrou a movimentação de Fernandes na frente puxando toda a zaga atrás de si, e lançou para o outro lado, onde aparecia Alex Raupp totalmente esquecido, livre, completamente desmarcado. Ele dominou, adiantou-a com calma, esperou a saída do arqueiro e, com categoria, desviou para o canto direito: invasão de campo, loucura na Expresso-íris, quebra-quebra na Volksarmee, 37 minutos do segundo tempo, o Expresso vira o jogo!
      Acabou!, veio a ordem do banco. No primeiro cruzamento na área, porém, Giovani Boccardi, calculando mal a bola, quase mata a torcida do coração, e Viola, saindo como um Leopardo envelhecido, fecha o ângulo, salva o Expresso e se atira no chão começando a era da cera. Adriano Cuca, então, percebendo a intenção expressana, parou o relógio. Foi cobrado, parando não poderia acrescentar mais nada depois dos 45. Era balão, pontapé, água... Viola caiu pedindo atendimento. Boccardi também. Alex também... Bola no travessão, a zaga cortou. O tempo não passava, 47, lateral para o Corinthians. A bola foi alçada, o atacante dominou, conseguiu o giro, entrou na área. O passe veio para trás, passou pela defesa, surgiu pelo miolo o meia alvinegro que bateu seco, ela ainda tocou em Viola antes de entrar. 2x2. Com os dois times abertos, no último lance da partida Alex Raupp deu um balão para o campo de ataque, 3 expressanos contra dois do Corinthians, a zaga cortou exatamente no espaço onde não havia ninguém entrando no lance perigosíssimo na entrada da área. Noli conseguiu chegar atrasado na bola, dividiu, Cuca trilou o apito, fim de jogo.
      De cabeça erguida pela batalha travada, nem a derrota por 2x2 pôde abater o ânimo boêmio.Já pensando na UEFA (mas de olho no céu), colocavam-se, segundos depois, em frente ao bar para comemorar mais um jogo de luta, de garra e de superação. Sábado que vem é o Mônaco. 

Que venha o meteoro! (https://www.youtube.com/watch?v=UavCLUq7g5I).


Expresso 2x2 Corinthians
PT = 0x1
Data: 09/05/15
Horário: 11h30

Copa Farroupilha
Marco Viola – Leandro Silveira, Rafael Rascati, Giovani Boccardi e Allison Raupp; Francisco
Peres, Paulo de Tarso, Bruno Rodrigues e José Staudt(C); Fábio Pereira e Cristian Pheula.
(Alex Raupp, Carlos Fernandez, Dartagnan Noli, Douglas Lobi, Nicholas Zucchetti, Pedro
Fernandes e Sérgio Carvalho). Técnico: Vinícius Guimarães e José Staudt.
Gols: Alex Raupp e José Staudt

Nenhum comentário:

Postar um comentário