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ok
Gladiadores expressanos estrearam na
UEFA arrancando empate épico contra o Ipanema
Em campo, dois tempos
distintos, capazes de servir como testemunha das mudanças
revolucionárias pelas quais passou o Trem Fantasma desde sua
eliminação na Copa Farroupilha.
Começando distante na
marcação, o Expresso percorria distâncias siderais para tentar
fechar os espaços que o ataque contrário criava em seu setor
defensivo. Sem alertarem uns aos outros adequadamente sobre as
flutuações, zagueiros e volantes cruzavam o vácuo nas diagonais,
pra cima, pra baixo, mas sempre atrás de alguém, que
invariavelmente recebia livre e causava problemas.
Logo aos 10 minutos, depois de
lançamento espacial de 50m, Leandro Silveira não percebeu a
passagem às suas costas e deixou a bola cair no pé do atacante, já
dentro da área. No impulso, tentou bloquear a passagem do rival,
porém permitiu o drible para dentro, e o chute colocado, na gaveta,
impossibilitou Araldo Neto de esboçar a defesa. Era muito cedo, não
havia troca de passes, nem movimentação; as divididas eram sempre
do Ipanema e a vibração simplesmente inexistia.
O jogo boêmio-ferroviário
era truncado desde a saída de trás. Começava de um lado e ali
terminava. A circulação de uma lateral à outra, um dos elementos
mais trabalhados durante a preparação, havia deixado de ocorrer. A
falta de mobilidade matava o ataque de inanição, e resultava,
também, em virtude dos erros de passe, em riscos defensivos
agudos.
Paulo de Tarso e Ricardo Toscani faziam força para neutralizar os oponentes na intermediária, mas as falhas no posicionamento faziam com que a redonda sobrevoasse o tempo todo suas cabeças, aterrissando nos adversários. Movediços, os avantes contrários desorganizavam também a zaga, que demorava a acompanhar as mudanças de posição e acabava sobrecarregando os volantes. Nas poucas vezes em que adiantaram a marcação, Leandro Silveira, Marco Viola e Cristian Pheula conseguiram vitória pessoal. No entanto, poucas foram as oportunidades em que deixaram o setor para combater mais à frente, se conformando com a existência de um buraco negro nas redondezas, onde morriam aos poucos Tarso e Toscani.
Paulo de Tarso e Ricardo Toscani faziam força para neutralizar os oponentes na intermediária, mas as falhas no posicionamento faziam com que a redonda sobrevoasse o tempo todo suas cabeças, aterrissando nos adversários. Movediços, os avantes contrários desorganizavam também a zaga, que demorava a acompanhar as mudanças de posição e acabava sobrecarregando os volantes. Nas poucas vezes em que adiantaram a marcação, Leandro Silveira, Marco Viola e Cristian Pheula conseguiram vitória pessoal. No entanto, poucas foram as oportunidades em que deixaram o setor para combater mais à frente, se conformando com a existência de um buraco negro nas redondezas, onde morriam aos poucos Tarso e Toscani.
Meia-cancha boêmia segundo agência espacial russa Roscosmos. Buraco
negro
Ofensivamente falando, somente
duas vezes o Expresso entrou na área alviverde: na primeira, José
Staudt recuou para tentar articular a jogada pela esquerda, recebeu
de Allison Raupp e enfiou nas costas da defesa para Pedro Fernandes,
que invadiu a área e cruzou para trás, bola que Heider Alves não
conseguiu finalizar. Na segunda, Paulo de Tarso serviu Fernandes na
área, que conseguiu driblar o goleiro, mas atirou sobre ele e obteve
apenas o escanteio. Na cobrança, o melhor momento expressano na
etapa inicial, Carlos Fernandez bateu, Staudt desviou para o miolo e
ela passou em frente a Tarso, com o goleiro batido. No contragolpe o
Ipanema perdeu chance incrível aproveitando-se de falha de
recomposição do Expresso, e Araldo Neto, saindo desesperado a fim
de evitar a ampliação do escore, viu a bola explodir no poste
esquerdo e perder-se pela linha de fundo.
Aos 30, porém, após novo
erro de compactação, cruzamento da esquerda encontrou o atacante
livre dentro da pequena área e mais uma vez Neto nada pôde fazer.
Ipanema 2x0.
Pouco importava, para a
retomada da trajetória azulada no jogo, a maneira como o oponente se
estruturava taticamente, as movimentações frequentes que seus
atletas executavam, e sua qualidade técnica inegável. Era
fundamental, todavia, que o próprio Expresso decidisse de uma vez
por todas acreditar no trabalho que vinha fazendo desde os primeiros
encontros, ainda na PUC. Faltava aproximar dos rivais, como ficou
estabelecido na preleção; faltava circular a bola; e faltava, acima
de tudo, perceber que, agora, valia mais que os 3 pontos! Valia a
própria dedicação despendida ao longo de todo este interminável
período! E assim, finalmente, se fez a luz!
Já na saída de bola Staudt
recebeu, abriu para Paulo de Tarso e este para Carlos Fernandez, que
chegou até a lateral da área e cruzou sobre a defesa. O time saía
de trás com objetivo pela primeira vez na partida, 5 segundos da
etapa complementar. Imediatamente a retaguarda avançou e a
compactação dos setores ressurgiu, as divididas passaram a ser do
Expresso, e mais nenhum oponente recebeu com liberdade pelo resto do
enfrentamento.
Beneficiados pelo avanço da
zaga, tanto Paulo de Tarso quanto o substituto de Ricardo Toscani,
Francisco Peres, focaram seu combate em alvos específicos, o que
lhes possibilitou, inclusive, apoiar o ataque, e Pedro Fernandes e
Heider Alves começaram, definitivamente, a jogar.
Depois de sair de trás em
velocidade pela esquerda, Staudt passou por dois adversários ao
tabelar com Allison Raupp no campo de defesa. Fernandes arrancou pelo
flanco, mas o meia boêmio ameaçou o passe e seguiu a progressão
rumo à área. Quando preparava o passe para Alves, sofreu carga
faltosa na intermediária, continuando, surdamente, a carreira
lunática que já nem valia mais. Falta. O programa espacial seria
reativado.
Posicionado
para o lançamento, Carlos Fernandez preparava os últimos detalhes
do Sputnik que enviaria para a área, outra vitória sobre os
americanos. Ele veio girando, os cosmonautas subiram e, subindo mais
que todos, no meio da defesa, Heider Alves torneou firme, lá no
ângulo, no melhor estilo Yuri Gagrin: “A Terra é azul!”. Gol do
Expresso, o seu primeiro pelo Trem Fantasma! E foi também seu
momento derradeiro no jogo. O dele e o de Carlos Fernandez, ambos
cedendo lugar a Sérgio Carvalho e Dartagnan Noli, que já entraram
infernizando!
Alves
soviético: o espaço é nosso!
Sujeito aos contra-ataques, o
time não arredou mais pé do campo ofensivo por um segundo sequer.
Adiantou a marcação completamente, era o empate ou nada! E para
possibilitar a reação total, foram sendo recompostas as energias à
medida em que assumiam as funções os atletas vindos do banco.
Aos 25 do segundo tempo, em
arrancada fulminante pelo meio depois de o time recuperar a bola na
frente por meio de marcação-pressão, Paulo de Tarso achou Noli
pela direita em condições de arrematar. O centroavante artilheiro
recolheu com um leve toque e bateu cruzado com violência. Pedro
Fernandes acompanhava de cima o lance e sentiu que era hora do
carrinho para consolidar a igualdade, mas não deu tempo: o próprio
defensor, desnorteado, se encarregou de estabelecer a justiça no
escore, tropeçando nela bizarramente e atirando-a em chamas para o
gol vazio! Expressooooooo!!!!
Dartagnan
Noli empatou em chute cruzado: “Um por todos, todos por um!”
Já com Victor “Nêgo”
Johnson, Giovani Boccardi e Fernando Gutheil em campo, a equipe
construiu uma barreira próximo à área, terminou com o ímpeto do
Ipanema e impediu que este se aproximasse da meta chegando junto. A
balança pendeu para o lado celeste, que quase virou o jogo em dois
lançamentos cortados no último esforço pela zaga alviverde. Nos
minutos finais, Rafael Rancati também entrou para defender o time
com artilharia antiaérea, e o Expresso festejou o valiosíssimo
ponto arrancado em homenagem ao mais gigante de seus atacantes, o
querido e saudoso Rodrigo Gladiador.
Expresso da Madrugada ressurgiu com sua farda campeã! Pra cima deles,
Trem Fantasma!
A nota triste do encontro fica
por conta da declaração preconceituosa feita por um dos atletas do
Ipanema, que xingou o expressano Francisco Peres tentando atingi-lo
por ser nordestino. Nós, da coruja celeste, compreendemos que dentro
de campo os ânimos se exaltam, mas que já não existe mais espaço,
numa sociedade que se pretende evoluída, para ataques contra
qualquer pessoa tentando imputar a ela inferioridade por conta de sua
origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de
discriminação.
Expresso 2x2 Ipanema
PT = 0x2
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 29/08/15
Horário: 15h30
Copa UEFA
Araldo Neto – Leandro
Silveira, Marco Viola(C) e Cristian Pheula; Carlos Fernandez, Paulo
de Tarso, José Staudt, Ricardo Toscani e Allison Raupp; Pedro
Fernandes e Heider Alves. (Dartagnan Noli, Fernando Gutheil,
Francisco Peres, Giovani Boccardi, Rafael Rancati, Sérgio Carvalho e
Victor Freitas). André Maders , Geverton Ost e Vinícius Guimarães.
Técnico: José Staudt.
Gols: Dartagnan Noli e Heider
Alves.
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