terça-feira, 29 de setembro de 2015

Derrota sob medida para seguir aprendendo

Por José Staudt


Derrota sob medida para seguir aprendendo

Time novamente começou apático, largou atrás e errou demais. Placar foi um duro castigo

        Ninguém esperava jogo fácil contra o Russo Preto, forte adversário que já havia abotoado o Corinthians na rodada anterior. No entanto, ninguém esperava, também, que o Expresso cometesse erros infantis nos minutos iniciais do embate, e que antes dos 20 minutos já estivesse perdendo por 2x0. Muito desligado, lento e sem vibração, sofreu o primeiro antes dos 10, erro do meia José Staudt, que perdeu a bola ao tentar sair jogando da defesa. O chute no canto, de fora da área, venceu o goleiro Araldo Neto.
        Tentando desde a abertura da partida encurtar a marcação, a equipe, ainda em fase de adaptação à realidade do campeonato, chegava atrasada no combate, permitindo espaços generosos para que o oponente trabalhasse com facilidade entre suas linhas defensivas. Em jogada  pela esquerda saiu o segundo gol, falta clara sobre o defensor expressano, que bloqueou a passagem do drible e foi puxado pelo ombro pelo avante, que chegou ao fundo, cruzou e serviu o companheiro com a goleira vazia.
        A partir daí a marcação encaixou melhor, e o Expresso ocupou o campo de ataque durante o resto da primeira etapa, criando boas oportunidades para descontar: Staudt cobrando falta quase marcou, e no rebote, Leandro Silveira, com a meta escancarada, furou; Carlos Fernandez recebeu toque de cabeça na área e bateu firme, bola que desviou no adversário e, com o guarda-metas vencido, perdeu-se para escanteio; Fernandez cobrou falta ensaiada na área e o toque de cabeça no primeiro pau por centímetros não chegou até Dartagnan Noli, que entrava livre às costas da zaga; Carlos Fernandez outra vez bateu escanteio, o goleiro soqueou para cima e Silveira disputou no alto com o defensor. Ela sobrou, então, para Noli, que desequilibrado girou de pé direito, mas fraco e no meio.
        A etapa se estava encerrando com o escore ainda em aberto, mas o Russo Preto ampliou sua vantagem depois que Araldo Neto não conseguiu segurar cruzamento que veio da esquerda e soltou a bola nos pés do atacante rival, que tocou de leve para as redes deixando o jogo em 3x0.
        Depois de reposicionar a marcação no intervalo o Expresso voltou bem melhor, dominando o oponente e jogando dentro do seu campo. Apertando a saída de bola desde o apito inicial, tirou os espaços que antes sobravam e começou a encurralar os negro-soviéticos na defesa. O time, porém, desperdiçou demais as bolas paradas que teve, batendo mal para a área os cruzamentos e facilitando o corte da retaguarda.
      Depois de forte pressão e de cruzamento da direita, Allison Raupp bateu desequilibrado da entrada da área e perdeu boa oportunidade; José Staudt subiu mais do que a defesa e cabeceou desequilibrado, pela linha de fundo. Entretanto, depois de roubar a esfera na intermediária, Paulo de Tarso serviu Dartagnan Noli e o centroavante atirou com violência, no ângulo, descontando para o trem fantasma.
       Faltava o chute a gol mais limpo. O predomínio territorial era expressano, sem, contudo, construir lances de perigo real. Muitos levantamentos e chegadas pelo flanco, mas ela nunca sobrava para um arremate. Então Noli foi lançado em meio à defesa e ganhou de dois adversários para mais uma vez anotar, gol que foi anulado pela péssima arbitragem de Tony por falta inexistente, muito menos falta do que a que não foi marcada para o Expresso no lance que resultou no segundo gol contrário, impedindo a reação que se estabelecia em virtude do amplo volume de jogo imprimido pelo time auricerúleo.
       Depois de muito insistir e jogar-se à frente desesperadamente, e apesar de toda a qualidade defensiva apresentada na etapa complementar, sofreu o golpe de misericórdia em contra-ataque no último lance, fechando o placar em 4x1.
       Com o resultado a equipe sai pela primeira vez da zona de classificação, o que exigirá dos jogadores maior envolvimento ainda nas rodadas seguintes, mais atenção ao longo dos 90 minutos e um crescimento técnico urgente, a fim de possibilitar que a estratégia seja colocada em prática sem, com isso, expor o time a riscos como os que tem corrido ao perder a posse de bola com a facilidade com que tem acontecido.

Expresso 1x4 Russo Preto
PT = 0x3
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 12/09/15
Horário: 13h30

Copa UEFA
Araldo Neto – Leandro Silveira(C), Giovani Boccardi e Cristian Pheula; Carlos Fernandez, Paulo de Tarso, José Staudt, Francisco Peres e Allison Raupp; Pedro Fernandes e Dartagnan Noli. (Douglas Lobi, Matheus Corrêa, Matheus Nunes, Rafael Rancati, Ricardo Toscani, Sérgio Carvalho e Vinícius Guimarães). Andre Maders, Fernando Gutheil e Mateus Trobetta.
Técnico:

Caminho certo, derrota amarga

Por José Staudt


Caminho certo, derrota amarga

Time sentiu a pressão de ter que ganhar e sucumbiu ao favoritismo. Servirá de aprendizado

          Não foi desta vez, ainda, que os boêmio-ferroviários voltaram a vencer por uma competição oficial. Jogando ante o Gaudério, para quem jamais havia perdido, a equipe sentiu o peso de ter que ganhar, se inibiu em campo e amargou a primeira derrota desde a implementação do novo sistema tático, encerrando uma série invicta de 5 partidas.
       Sem criatividade para articular os lances ofensivos, conformou-se em ser enredada pela marcação adversária, demorando demais para fazer circular a bola e permanecendo o tempo todo presa a um mesmo lado do campo, do início ao fim dos lances.
        Lenta na saída de trás e com pouca movimentação, não criou situações perigosas ao longo de todo o jogo, exceção feita à oportunidade viva desperdiçada por Allison Raupp depois de receber atrás da zaga toque de cabeça de José Staudt em cruzamento de Carlos Fernandez, quando dominou, trouxe para o pé direito e bateu firme, bola que foi salva pelo zagueiro, desviando-a para escanteio. Em outros dois lances de tiro de canto conseguiu vantagem na primeira bola, que chegou viva à pequena área, porém a falta de posicionamento impediu o seu aproveitamento e a consequente abertura do placar pelos expressanos.
       Diferentemente do que ocorreu contra o Ipanema, quando o time entrou ligado e disputando todas as jogadas (apesar de tê-las perdido bastante no primeiro tempo de então), os atletas passaram a manhã toda perdendo divididas e especialmente as segundas-bolas que resultavam da disputa no ar em virtude das cobranças de tiro de meta. Sem quase nunca sair jogando nestas ocasiões, ainda perdia no combate no chão e dava campo ao oponente, que se organizava já no ataque.
        Afora os atacantes, que cumpriram à risca a marcação solicitada, e com os alas mal posicionados
e os demais muito longe de seus alvos, o time permitia ao rival recolher a redonda sem maiores problemas, e assim corria muito mais depois das articulações contrárias, que acabavam por exigir desgaste redobrado dos atletas para tentar reaver a posse de bola, que logo voltava ao poder do Gaudério. Tecnicamente perfeita na contenção, a defesa abusou de dar espaço para o ataque rubro-verde, o que ajudou a aprofundar a perda do embate territorial.
       Apesar de todos estes desacertos, nada foi criado pela representação gaudéria, que obteve seus gols em duas cobranças de falta cujos desvios na barreira, apocalipticamente em ambas as tentativas, acabaram caindo no ângulo do já batido Araldo Neto, que nada pôde fazer, e de fato nada fez em toda a partida.
        Agora o Expresso volta a campo no sábado, 13h30, para enfrentar outra pedreira do certame, o qualificado Russo Preto, que na última rodada obliterou o Corinthians por 4x0. O técnico José Staudt deverá promover uma pequena alteração no posicionamento de saída de bola adversária, que permanecerá em utilização enquanto o oponente estiver em seu campo de defesa, e reajustar a marcação dos alas, alheios à disputa da partida, enquanto defensores, por quase toda a extensão do encontro.

Expresso 0x2 Gaudério
PT = 0x1
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 05/09/15
Horário: 9h30

Copa UEFA
Araldo Neto – Leandro Silveira(C), Fernando Gutheil e Cristian Pheula; Carlos Fernandez, Paulo de Tarso, José Staudt, Francisco Peres e Allison Raupp; Douglas Lobi e Heider Alves. (Alexsander Custodio, Giovani Boccardi, Pedro Fernandes, Rafael Rancati, Ricardo Toscani, Sérgio Carvalho, Victor Johnson e Vinícius Guimarães). Matheus Nunes.
Técnico: José Staudt.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

nós OK

nós ok
Gladiadores expressanos estrearam na UEFA arrancando empate épico contra o Ipanema

      Em campo, dois tempos distintos, capazes de servir como testemunha das mudanças revolucionárias pelas quais passou o Trem Fantasma desde sua eliminação na Copa Farroupilha.
      Começando distante na marcação, o Expresso percorria distâncias siderais para tentar fechar os espaços que o ataque contrário criava em seu setor defensivo. Sem alertarem uns aos outros adequadamente sobre as flutuações, zagueiros e volantes cruzavam o vácuo nas diagonais, pra cima, pra baixo, mas sempre atrás de alguém, que invariavelmente recebia livre e causava problemas.
      Logo aos 10 minutos, depois de lançamento espacial de 50m, Leandro Silveira não percebeu a passagem às suas costas e deixou a bola cair no pé do atacante, já dentro da área. No impulso, tentou bloquear a passagem do rival, porém permitiu o drible para dentro, e o chute colocado, na gaveta, impossibilitou Araldo Neto de esboçar a defesa. Era muito cedo, não havia troca de passes, nem movimentação; as divididas eram sempre do Ipanema e a vibração simplesmente inexistia.

       O jogo boêmio-ferroviário era truncado desde a saída de trás. Começava de um lado e ali terminava. A circulação de uma lateral à outra, um dos elementos mais trabalhados durante a preparação, havia deixado de ocorrer. A falta de mobilidade matava o ataque de inanição, e resultava, também, em virtude dos erros de passe, em riscos defensivos agudos.
Paulo de Tarso e Ricardo Toscani faziam força para neutralizar os oponentes na intermediária, mas as falhas no posicionamento faziam com que a redonda sobrevoasse o tempo todo suas cabeças, aterrissando nos adversários. Movediços, os avantes contrários desorganizavam também a zaga, que demorava a acompanhar as mudanças de posição e acabava sobrecarregando os volantes. Nas poucas vezes em que adiantaram a marcação, Leandro Silveira, Marco Viola e Cristian Pheula conseguiram vitória pessoal. No entanto, poucas foram as oportunidades em que deixaram o setor para combater mais à frente, se conformando com a existência de um buraco negro nas redondezas, onde morriam aos poucos Tarso e Toscani.


Meia-cancha boêmia segundo agência espacial russa Roscosmos. Buraco negro

      Ofensivamente falando, somente duas vezes o Expresso entrou na área alviverde: na primeira, José Staudt recuou para tentar articular a jogada pela esquerda, recebeu de Allison Raupp e enfiou nas costas da defesa para Pedro Fernandes, que invadiu a área e cruzou para trás, bola que Heider Alves não conseguiu finalizar. Na segunda, Paulo de Tarso serviu Fernandes na área, que conseguiu driblar o goleiro, mas atirou sobre ele e obteve apenas o escanteio. Na cobrança, o melhor momento expressano na etapa inicial, Carlos Fernandez bateu, Staudt desviou para o miolo e ela passou em frente a Tarso, com o goleiro batido. No contragolpe o Ipanema perdeu chance incrível aproveitando-se de falha de recomposição do Expresso, e Araldo Neto, saindo desesperado a fim de evitar a ampliação do escore, viu a bola explodir no poste esquerdo e perder-se pela linha de fundo.
      Aos 30, porém, após novo erro de compactação, cruzamento da esquerda encontrou o atacante livre dentro da pequena área e mais uma vez Neto nada pôde fazer. Ipanema 2x0.
Pouco importava, para a retomada da trajetória azulada no jogo, a maneira como o oponente se estruturava taticamente, as movimentações frequentes que seus atletas executavam, e sua qualidade técnica inegável. Era fundamental, todavia, que o próprio Expresso decidisse de uma vez por todas acreditar no trabalho que vinha fazendo desde os primeiros encontros, ainda na PUC. Faltava aproximar dos rivais, como ficou estabelecido na preleção; faltava circular a bola; e faltava, acima de tudo, perceber que, agora, valia mais que os 3 pontos! Valia a própria dedicação despendida ao longo de todo este interminável período! E assim, finalmente, se fez a luz!
      Já na saída de bola Staudt recebeu, abriu para Paulo de Tarso e este para Carlos Fernandez, que chegou até a lateral da área e cruzou sobre a defesa. O time saía de trás com objetivo pela primeira vez na partida, 5 segundos da etapa complementar. Imediatamente a retaguarda avançou e a compactação dos setores ressurgiu, as divididas passaram a ser do Expresso, e mais nenhum oponente recebeu com liberdade pelo resto do enfrentamento.
Beneficiados pelo avanço da zaga, tanto Paulo de Tarso quanto o substituto de Ricardo Toscani, Francisco Peres, focaram seu combate em alvos específicos, o que lhes possibilitou, inclusive, apoiar o ataque, e Pedro Fernandes e Heider Alves começaram, definitivamente, a jogar.
         Depois de sair de trás em velocidade pela esquerda, Staudt passou por dois adversários ao tabelar com Allison Raupp no campo de defesa. Fernandes arrancou pelo flanco, mas o meia boêmio ameaçou o passe e seguiu a progressão rumo à área. Quando preparava o passe para Alves, sofreu carga faltosa na intermediária, continuando, surdamente, a carreira lunática que já nem valia mais. Falta. O programa espacial seria reativado.
      Posicionado para o lançamento, Carlos Fernandez preparava os últimos detalhes do Sputnik que enviaria para a área, outra vitória sobre os americanos. Ele veio girando, os cosmonautas subiram e, subindo mais que todos, no meio da defesa, Heider Alves torneou firme, lá no ângulo, no melhor estilo Yuri Gagrin: “A Terra é azul!”. Gol do Expresso, o seu primeiro pelo Trem Fantasma! E foi também seu momento derradeiro no jogo. O dele e o de Carlos Fernandez, ambos cedendo lugar a Sérgio Carvalho e Dartagnan Noli, que já entraram infernizando!


Alves soviético: o espaço é nosso!

      Sujeito aos contra-ataques, o time não arredou mais pé do campo ofensivo por um segundo sequer. Adiantou a marcação completamente, era o empate ou nada! E para possibilitar a reação total, foram sendo recompostas as energias à medida em que assumiam as funções os atletas vindos do banco.
       Aos 25 do segundo tempo, em arrancada fulminante pelo meio depois de o time recuperar a bola na frente por meio de marcação-pressão, Paulo de Tarso achou Noli pela direita em condições de arrematar. O centroavante artilheiro recolheu com um leve toque e bateu cruzado com violência. Pedro Fernandes acompanhava de cima o lance e sentiu que era hora do carrinho para consolidar a igualdade, mas não deu tempo: o próprio defensor, desnorteado, se encarregou de estabelecer a justiça no escore, tropeçando nela bizarramente e atirando-a em chamas para o gol vazio! Expressooooooo!!!!


Dartagnan Noli empatou em chute cruzado: “Um por todos, todos por um!”

      Já com Victor “Nêgo” Johnson, Giovani Boccardi e Fernando Gutheil em campo, a equipe construiu uma barreira próximo à área, terminou com o ímpeto do Ipanema e impediu que este se aproximasse da meta chegando junto. A balança pendeu para o lado celeste, que quase virou o jogo em dois lançamentos cortados no último esforço pela zaga alviverde. Nos minutos finais, Rafael Rancati também entrou para defender o time com artilharia antiaérea, e o Expresso festejou o valiosíssimo ponto arrancado em homenagem ao mais gigante de seus atacantes, o querido e saudoso Rodrigo Gladiador.


 Expresso da Madrugada ressurgiu com sua farda campeã! Pra cima deles, Trem Fantasma!

      A nota triste do encontro fica por conta da declaração preconceituosa feita por um dos atletas do Ipanema, que xingou o expressano Francisco Peres tentando atingi-lo por ser nordestino. Nós, da coruja celeste, compreendemos que dentro de campo os ânimos se exaltam, mas que já não existe mais espaço, numa sociedade que se pretende evoluída, para ataques contra qualquer pessoa tentando imputar a ela inferioridade por conta de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação.

Expresso 2x2 Ipanema
PT = 0x2
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 29/08/15
Horário: 15h30

Copa UEFA
Araldo Neto – Leandro Silveira, Marco Viola(C) e Cristian Pheula; Carlos Fernandez, Paulo de Tarso, José Staudt, Ricardo Toscani e Allison Raupp; Pedro Fernandes e Heider Alves. (Dartagnan Noli, Fernando Gutheil, Francisco Peres, Giovani Boccardi, Rafael Rancati, Sérgio Carvalho e Victor Freitas). André Maders , Geverton Ost e Vinícius Guimarães. Técnico: José Staudt.
Gols: Dartagnan Noli e Heider Alves.