segunda-feira, 26 de maio de 2014

Excepcional triunfo boêmio

 Excepcional triunfo boêmio
Desmantelado, exaurido e feroz, Expresso sobrevive ao Aliança, vence e segue na luta

Na manhã/tarde do sábado, dia 17 de Maio, 11 lutadores foram a campo apoiados pelos companheiros impossibilitados de enfrentar o desafio de vencer o Aliança, divisor de águas entre os classificados e os eliminados até aqui na Farroupilha.
Desfalcado de muitos importantes jogadores, o time teve entre os iniciantes o mítico guardavalas Araldo Neto, já que Mateus Trombetta recupera-se de infecção intestinal; o volante Ricardo Toscani, que fora vetado pelo Departamento Médico com uma lesão na virilha mas foi obrigado a começar; e Fernando Gutheil – líbero contra o Azenha e centroavante contra o Aliança.
Sem lateral direito de ofício, Cristian Pheula foi improvisado no setor, e Toscani, que não podia correr, começou na função de José Staudt, recuado. Mesmo assim foi o Expresso que tomou a iniciativa do jogo, obcecado pelo único resultado que lhe servia: a vitória.
Tentando marcar no campo de ataque apesar das dificuldades táticas, controlava bem a saída do adversário, brigando com sucesso pela posse de bola no meio e armando boas jogadas de ataque. Após bonita combinação entre Vinícius Guimarães e Ricardo Toscani, Gutheil recebeu na intermediária e bateu seco, bola salva pelo goleiro com extrema dificuldade em dois tempos; Geverton Ost tabelou com Fernando Gutheil, abriu no fundo para José Staudt, que cruzou com perigo para a surpreendente chegada na área do lateral Nathan Silva, que não anotou por um segundo depois de sensacional movimentação ofensiva.
Defensivamente intransponível por ambos os lados, no miolo de defesa não era diferente. Rodrigo Dresch, Marco Viola e o capitão Artur Weiss impediam penetrações pelo setor. O Expresso, então, conseguiu o seu gol quando Staudt novamente foi à linha de fundo e cruzou entre os zagueiros, que ficaram indecisos. Gutheil lançou-se em direção à esfera que sobrava perdida em meio à zaga, impulsionou-a para cima, por sobre o goleiro, e fez o time pular na frente!
Depois disso começou o suplício! Com Toscani tentando se mover sem sucesso, Geverton Ost foi lançado em profundidade às costas da zaga por Guimarães. Ganhava parcialmente a disputa com o oponente até que foi vencido por fisgada no posterior da coxa, levando a mão ao local e diminuindo a velocidade até parar por completo. Ainda tentou ficar mais um pouco, o que foi impossível depois que, outra vez Vinícius Guimarães, enviou-lhe lançamento de 50m, no qual tentou arrancar, o que impediu-o de permanecer em pé. O Expresso ficava com um homem a menos. Eram, ainda, 25 minutos.
O tempo negava-se a correr, enquanto apresentava-se tardiamente para o embate o uruguayo Carlos Fernandez, muita experiência em demorar para fardar-se. Ainda eram 30 minutos quando a impressão era de 44; 35, quando a certeza era de 60. O primeiro tempo, aparentemente interminável, encerrou-se com virtualmente 85 minutos jogados, pelo menos para o físico de que dispunham os expressanos.
No intervalo apareceu novo soldado, substituto do companheiro de valor inestimável Ricardo Toscani. André Silva, cujo talento pôde-se ver logo na primeira participação da etapa, assumindo a responsabilidade pela armação da jogada e levando 3 adversários a dribles, levou a bola para o canto ofensivo do campo e lá sofreu a falta. O trem fantasma recobrou ânimo, deixou o campo que habitara exclusivamente nas últimas várias horas, o de defesa, e aventurou-se no ataque.
A terra, então, tremeu mais uma vez quando avançou pela direita com ímpeto arrasador. Não era Fernando Gutheil caindo o motivo do tremor desesperante. Não, era Viola. O volante inextinguível trabalhou-a com Fernandez, que se colocava pelo meio na intermediária. Antes de recolhê-la, porém, assistiu ao momento derradeiro da existência de Guimarães no jogo, quando passou em velocidade suicida pela linha da bola, abrindo as pernas para fazer o corta-luz que cegou dois adversários e deixou Carlos Fernandez em liberdade similar à de Adão. De posse da redonda enveredou para o meio na diagonal, aproximando-se da cabeça da área. José Staudt, então, surgiu zunindo pela esquerda. O uruguayo, que já engatilhava a canhota, reconsiderou, rolando-a magistralmente para o companheiro que passava aos berros, rente ao adversário que o tentava perseguir. O oponente ainda conseguiu raspar de leve nela, o que só ajeitou-a ainda mais para o meia celeste, que soltou o petardo de fora da área enviesado, rasante e indefensável! Goooooolll!!!! O Aliança assistia à cena perplexo, 20 jogadores compondo o grupo que lamentava profundamente.
A seguir, Leandro Silveira, outro que chegava para impedir o esfacelamento total do time, assumia a vaga no ataque e realinhava o sistema tático, que tinha validade de mais aproximadamente 5 minutos.  Araldo Neto há muito vinha sendo chamado a trabalhar, e no mais mágico dos momentos saiu do arco fechando o ângulo e amedrontando o avante rival, que chutou de qualquer maneira. A redonda, entretanto, foi fugindo, fugindo em direção à meta, no que Neto executou rolinho notável contra ela, agilidade incomum para desviá-la com a ponta das barbatanas a escanteio e assim praticamente sepultar as possibilidades do quadro rubro-azulado.
Silveira, então, já aquecido, em dois lances quase saiu na cara do goleiro, perdendo na corrida para os defensores; no terceiro, atirou com efeito tão grande que errou o alvo por milímetros; no quarto, ganhou e perdeu 2 vezes, até forçar o defensor a empurrar a bola pela linha de fundo unicamente devido ao pavor. A última jogada lúcida do Expresso no jogo foi o escanteio, que Carlos Fernandez cobrou com perfeição e Marco Viola usou seu último fio de cabelo, que é branco e mais endurecido, para encobrir o estático goleiro e empurrar a terceira bola para o fundo das redes! Era a vitória!
Porém o escanteio foi, de fato, a última jogada lúcida do Expresso no jogo. As pernas não obedeciam mais ao cérebro, que também mal e porcamente funcionava. Exatos 60 segundos depois de marcarem o gol que praticamente garantia os 3 pontos, os ferroviários sofriam, em pênalti inexistente, o primeiro gol do Aliança; na saída de bola, que perderam com facilidade infantil, escaparam de levar o segundo, isto aos 38 minutos da etapa complementar de um jogo em que Tony prometera 5 de acréscimo. Aos 48 o Aliança descontou mais uma vez. Todavia a esfera levou 5 horas para voltar ao círculo central, e quando finalmente apareceu, com lua e céu estrelado, já era hora de sair pra festa!

Expresso da Madrugada 3x2 Aliança
PT = 1x0
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 17/05/14
Horário: 11h30
Copa Farroupilha
Escalação: Araldo Neto – Cristian Pheula, Rodrigo Dresch, Artur Weiss(C) e Nathan Silva; Marco Viola, Vinícius Guimarães, José Staudt e Ricardo Toscani; Geverton Ost e Fernando Gutheil. (André Silva, Carlos Fernandez e Leandro Silveira). DT: José Staudt.
Gols: Fernando Gutheil, José Staudt e Marco Viola.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Com sabor de vitória

Com sabor de vitória
Expresso nega-se a entregar os pontos e arranca o empate aos 49 minutos do segundo tempo

Mais uma vez o Expresso demonstrou poder de indignação e luta pra minimizar o resultado negativo e a péssima atuação da arbitragem de Adriano. No último sábado a equipe empatou em 1x1 com o Azenha, adversário direto na briga pela classificação, e segue com planejamento intacto para o restante da competição, com 4 pontos nos últimos 2 jogos.
Tentando desvencilhar-se de uma sequência ruim de resultados nas rodadas iniciais da Farroupilha, o time da coruja foi a campo com a missão de obter uma vitória contra o Azenha, que igualmente não está bem colocado. Mais tranquilo depois dos 3x1 aplicados sobre o Gaudério no Dia do Trabalhador, novamente propôs o jogo com uma marcação agressiva, tirando espaços até mesmo no campo de ataque. O oponente sentiu o impacto da ação e não conseguiu colocar em prática seu melhor futebol, o que levou o Expresso a dominá-lo territorialmente e a criar as melhores oportunidades.
Logo no início Geverton Ost escapou às costas do lateral esquerdo e foi puxado a um passo da entrada da área pelo flanco, quando entraria livre na cara do goleiro. O árbitro Adriano, pra variar, não apresentou cartão amarelo para o zagueiro e prejudicou o Expresso pela primeira vez. Na cobrança Ost bateu com perigo, o arqueiro rebateu para o meio, mas ninguém conseguiu pegar o rebote.
Pouco depois, em nova trama excelente do ataque celeste, José Staudt achou Ost em projeção quase na meia-lua, tabelou com ele pelo ar e arrematou de sem-pulo com o pé direito, bola que passou muito perto do poste, com o guarda-metas já batido. Na sequência, novamente Ost foi acionado, agora pela direita. Levou a marcação para a linha de fundo e bateu para outra defesa do goleiro contrário. Escanteio.
A pressão expressana em busca do gol que o colocaria em muito melhor posição na tabela seguia firme, já que defensivamente a solidez permanecia a mesma do jogo anterior, aproveitando-se da ausência de Rodrigo Dresch. Diego Rosner fechava o lado direito e saía de trás com facilidade, Cristian Pheula e o capitão Marco Viola impediam a penetração na área com combate incessante aos armadores adversários e Nathan Silva, além de apoiar insistentemente, inviabilizava maiores estocadas em seu setor.
Rosner foi à linha de fundo e levantou para a área, onde Staudt subiu e não achou, mas Bruno Rodrigues apareceu cabeceando forte, só que no meio; Pedro Fernandes, também de atuação destacada, abriu na esquerda para Staudt, que cruzou com muito perigo, bola salva com a ponta dos dedos pelo goleiro quando Geverton Ost se preparava para anotar; Ost puxou contragolpe perigosíssimo de 3 contra 3, mas demorou a soltar a bola e, quando o fez, errou o passe para Fernandes.
Nas poucas vezes em que o ataque alvinegro batia a marcação expressana, parava na varredura derradeira de Fernando Gutheil. Limpando a sua zona de atuação, dava início a novas evoluções do time, e impedia qualquer sobressalto nas proximidades da meta de Mateus Trombetta. No entanto, talvez antevendo as dificuldades apresentadas pelo Azenha para progredir, Adriano começou a interferir no jogo ao pará-lo sempre que o Expresso recuperava a bola perto de sua área, em especial em lances com o cai-cai camisa 11. Iniciou, também, a distribuir cartões amarelos aleatoriamente aos jogadores azulados, e a possibilitar que o alvinegro levantasse a bola no tumulto. Numa destas ocasiões em que nada ocorreu, Welinton, o bandeira, assinalou falta absolutamente inexistente. Na cobrança, com um homem fora da barreira e a 30 cm do goleiro Trombetta, em impedimento de pelo menos 5m, o adversário abriu o placar, para desespero do Expresso. Os jogadores partiram para cima do juiz, com terrível histórico de atuações prejudiciais ao time. Haviam avisado muito antes da cobrança de que aquele elemento estava em posição irregular. Nada disso surtiu efeito e Adriano seguia convicto da validade do tento. Ainda assim foi persuadido a ir até o bandeira, e correu para consultá-lo. Porém este, desgraçada e absurdamente, confirmou a marcação do gol. Inconformados, os expressanos ainda tentaram o empate nos minutos finais do período, quando Rodrigues bateu da entrada da área, livre, para boa defesa do goleiro.
A única coisa que impedia o Expresso de já estar ganhando eram os erros de passe e o excesso de preciosismo ao tentar jogadas individuais desnecessárias. Os dribles deixaram de ocorrer com tanta frequência na etapa complementar, mas os passes até pioraram. Contudo José Staudt teve a melhor chance de todo o jogo ao dominar no peito atrás da zaga cruzamento de Nathan Silva e bater livre na saída do goleiro, mas com força excessiva e por cima, perdendo o gol feito na risca de pequena área, aos dois minutos.
O jogo tornou-se aberto, e ambas as equipes jogavam para a frente. O Azenha passou a desperdiçar oportunidades no contra-ataque ao errar o último passe ou drible, sem conclusões perigosas; o Expresso abriu-se para tentar o empate, o que ao menos evitaria o pior. Fernandes recebeu de Staudt no meio da defesa e bateu fraco; Ost atirou prensado quando já invadia a área; Fernandes, depois de bate-rebate em que o adversário tirou a bola na área com a mão, atirou desviado perdendo nova e belíssima ocasião.
Thiago Silva entrou no lugar de Bruno Rodrigues, e a equipe abriu-se ainda mais. Em jogada pela esquerda não sofreu pênalti por 10cm, bola que foi cobrada por André Silva e afastada de dentro da pequena área pela zaga do jeito que pôde; Geverton Ost bateu outro escanteio venenoso e ela chegou até Gutheil, que dominou na marca da cal, mas deixou-a escapar, perdendo lindo momento; Ost, novamente, conseguiu vencer a disputa na linha de fundo pela direita e cruzou no segundo pau para Staudt, que entrava atrás do goleiro batido. Este cabeceou-a dividindo com o zagueiro que havia entrado minutos antes, e que conseguiu salvar com a nuca quando o gol já estava aberto para o empate.
O Expresso seguia insistindo, agora com Allison Pheula em substituição a Diego Rosner na direita. Entretanto o preparo físico ia desvanecendo, e as oportunidades não surgiam com as mesmas frequência e clareza. Só que Thiago Silva cavou escanteio, Geverton Ost cobrou no tumulto e José Staudt foi agredido com um soco pelo zagueiro com o qual já vinha se estranhando havia alguns minutos. Pênalti! Foi-se a derrota! Aos 49 minutos Ost bateu  num lado, o goleiro voou para o outro, e o Expresso saiu com importantíssimo ponto que o coloca em totais condições de buscar a vaga para a segunda fase da Copa Farroupilha.
No sábado que vem, 11h30, devido a alteração nos horários da competição em virtude da ausência de luz natural nas partidas das 16h, enfrenta o Aliança em mais um jogo decisivo, onde só a vitória interessa.
Expresso da Madrugada 1x1 Azenha
PT = 0x1
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 10/05/14
Horário: 10h
Copa Farroupilha
Escalação: Mateus Trombetta – Diego Rosner, Cristian Pheula, Fernando Gutheil e Nathan Silva; Marco Viola(C), Bruno Rodrigues, André Silva e José Staudt; Geverton Ost e Pedro Fernandes. (Allison Pheula e Thiago Silva). DTs: José Staudt, Leandro Silveira e Vinícius Guimarães.
Gol: Geverton Ost.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Na senda da Revolução

Na senda da Revolução
Trinta e um de dezembro de 1958, Hotel Capri, 23h30. Enquanto bailam desajeitados ao som da rumba, taças de espumante na mão, poucos são os mafiosos estadunidenses que desconfiam de que sua festa em terras cubanas se aproxima do fim. Às portas da cidade de Havana, vindo da vitória épica em Santa Clara, Ernesto Guevara, o Che, avança com sua coluna para render a ditadura sanguinária de Fulgêncio Batista, que neste horário já decola rumo a Miami onde será recebido por seus comparsas do país vizinho. Um pouco mais atrás, o líder máximo da Revolução, Fidel Castro Ruz, chega para fechar definitivamente o ciclo de exploração a Cuba iniciado com a colonização espanhola, ainda no século XV.

Mais de meio século depois, reunidos à beira do gramado, os expressanos deliberam. São 11h55 do dia do trabalhador, 2014, e discutem a continuidade do movimento. Podem voltar a defender, apenas; ou seguir atacando. O time vem perdendo, mas, fora o primeiro tempo da partida contra o Mimo, jogando bem. Vão enfrentar o vice-líder da competição, invicto, 4 vitórias em 5 jogos. Decidem seguir em frente: de derrota em derrota, até a vitória final! Para a desigual contenda sobravam apenas 13 guerrilheiros, número ínfimo se comparado com o de combatentes inscritos, mas quase a mesma quantidade de heróis que haveriam de reconquistar a maior ilha caribenha contra todas as forças e prognósticos. Com a dissidência afastada, era revolução ou morte!
Revolucionários cubanos expulsam norte-americanos e caminham com as próprias pernas!

Desde o segundo inicial o Expresso utilizou-se de todas as armas que poderia para tentar atingir o longínquo objetivo. Aliás, antes mesmo do segundo inicial! Já no sorteio o capitão Arthur Weiss, auxiliado por Bruno Rodrigues, Geverton Ost e José Staudt, apostou todas as fichas no vento minuano que soprava fora de época nos descampados do Muradás. Com poucos homens com quem contar, a tática era usar o que pudesse para obter um triunfo surpresa e, depois, consolidar a ação puramente na coragem. Em poucos minutos, então, Expresso e Minuano rendiam o Gaudério em seu campo, martelavam as posições contrárias incessantemente e, mais do que merecidamente, abriam o placar: jogada pela esquerda de Nathan Silva, cruzamento que a zaga não afastou e conclusão dupla de Geverton Ost!
Rodrigues quase havia anotado antes em duas oportunidades, o próprio Ost por pouco não marcara um golaço olímpico e, depois do gol, Vinícius Guimarães acertou o travessão em cobrança de falta.
O oponente seguia atordoado com a aplicação e qualidade dos soldados boêmio-ferroviários, e suas tentativas de reagir paravam na excelente retaguarda expressana e no vento. Refeito da desorganização da partida anterior, o setor defensivo contava com o retorno de Pedro da Rocha à lateral direita, onde não houve batalhas perdidas; no miolo, Marco Viola e Cristian Pheula mantinham os adversários sob fogo cerrado, e o que passava, parava na cobertura precisa de Weiss. Pela esquerda partiam os contragolpes assustadores de Nathan Silva.
Com uma nova configuração de meio, com Guimarães e André Silva pelos lados do losango, e José Staudt, mais agudo, à frente deles, o predomínio territorial era todo celeste, e a ampliação do escore era questão de tempo. Quando Guimarães sofreu falta na intermediária, Geverton Ost confirmou as previsões do Diretório Revolucionário com um tiro seco e letal que desestabilizou completamente o governo.
Che e os atletas do Madureira, do Rio de Janeiro: clubes comunistas.

Depois do descanso, que serviu para reavaliar a situação em que se encontrava a pelea e discutir as melhores alternativas para frear uma eventual reação, o Expresso retornou disposto a não permitir que o sofrido povo cubano fosse novamente subjugado por aqueles que deveriam zelar pelo seu bem-estar. Imbuídos do mais alto sentimento patriótico-revolucionário, dariam o sangue para manter as conquistas obtidas com tanto sacrifício e, apesar do cansaço, seguiram atuando ativamente na contenção do rival e fustigando-o briosamente quando este abrisse o flanco. Foi assim que Ost, novamente (o seu terceiro no jogo - https://www.youtube.com/watch?v=ZBoqCDSrWi8) ampliou ainda mais a vantagem ferroviária ao colocar por cobertura da entrada da área e praticamente definir a vitória dos rebeldes.
Nem as mais precárias condições em que se encontravam alguns de seus homens, como Rocha, que saiu sentindo cãibras para ser substituído por Ricardo Toscani, que nem caminhar podia, foram motivo para uma queda de performance, e a defesa permaneceu tão segura quanto estava nas primeiras escaramuças. Carlos Fernandez já havia também tomado parte no conflito com grande eficácia ao ingressar para a saída de Vinícius Guimarães, abatido pela cirrose.
No lance derradeiro do combate o Gaudério anotou o seu gol, um arremate indefensável para Mateus Trombetta, nome memorável do encontro. E tão logo soou o apito definitivo, semelhante a um silvo de saudação aos obreiros pelo alcance da meta de produção açucareira ou metalúrgica anual, foi dado início às comemorações pelos novos dias na terra da madrugada.
A revolução continua! A história nos absolverá. De derrota em derrota, até a vitória final!
Vitória da Revolução!

Expresso da Madrugada 3x1 Gaudério
PT = 2x0
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 1°/05/14
Horário: 12h
Copa Farroupilha
Escalação: Mateus Trombetta – Pedro da Rocha, Cristian Pheula, Artur Weiss(C) e Nathan Silva; Marco Viola, Vinícius Guimarães, André Silva e José Staudt; Geverton Ost Bruno Rodrigues. (Carlos Fernandez e Ricardo Toscani). DT: Martin Both e José Staudt.
Gols: Geverton Ost.


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Entreguismo boêmio

Entreguismo boêmio
Animado com os 50 anos do golpe de 64, Expresso entende errado e derruba a si próprio

Democraticamente eleito pela população brasileira em 1960, João Goulart foi alvo do mais sombrio episódio da história moderna nacional, o golpe civil-militar, iniciado em 1º de abril de 1964. Tentando promover as reformas de base para efetuar a distribuição de terras e possibilitar melhores condições de saúde e educação aos seus concidadãos, foi logo apunhalado por uma conspiração midiático-empresarial financiada por forças estrangeiras norte-americanas, deixando o cargo para impedir um derramamento de sangue, o que, ainda assim, ocorreu ao longo dos 21 anos de chumbo.

O Expresso tenta ainda fazer as suas próprias reformas, alterando estrategicamente o posicionamento dos seus jogadores em campo e reavaliando algumas funções táticas, mas sofre boicote interno, comumente chamado na literatura libertária futebolística de complexo de entreguismo, que impede que o que estiver dando certo seja mantido ao primeiro sinal de dificuldade.

Na partida contra o Bazar, hoje com 3 vitórias e 2 empates em 5 jogos, o time foi montado no mesmo padrão dos jogos anteriores, com uma defesa sólida e com válvula de escape, uma meia cancha marcadora e com saída de velocidade, e um ataque promissor, que possuía acompanhamento do setor de meio.

Aos 2 minutos logrou pular na frente em sua primeira conclusão, jogada excelente de combinação entre Geverton Ost, Pedro Fernandes e José Staudt, definida pelo último com inclemência medieval.

No entanto o time aos 15 minutos já não tinha o capitão Artur Weiss e, sofrendo de complexo de entreguismo, perdia por 3x1, dois dos gols em erros coletivos potencializados por falhas individuais, e o terceiro numa falta em dois toques que foi cobrada direta e o time permitiu que ficasse por isso mesmo. Aos 26, 4x1 para o Bazar.

A distribuição dos atletas em campo era tão estapafúrdia que um observador desavisado estranharia tratar-se aquilo de uma partida valendo 3 pontos, acreditando testemunhar, seguramente, atividades de sparring ou algo do gênero. Mas não... Era a volta do entreguismo civil-militar, aflorando agora inaceitavelmente em terreno boêmio-ferroviário.

Convocada sessão de emergência no intervalo, as forças da reação tentaram impor nova derrota ao poder popular, advogando pela dissolvição do sistema produzido com o sacrifício das massas, requerendo a volta às linhas de quatro e à submissão adversária. No entanto, num momento de lucidez efervescente as massas se insuflaram novamente e determinaram a continuidade da busca por caminhar com as próprias pernas, ainda que tudo desse errado.

O time voltou claudicante, levando logo mais dois gols que o obliteravam num 6x1 desmoralizante, mas ainda assim as cabeças permaneceriam agora erguidas frente à primavera que se avizinhava. Já com Vinícius Guimarães e Carlos Fernandez em campo, reagiu o Expresso ao fatalismo da dissolução e recobrou parcialmente sua história de lutas, tentando recuperar um pouco da honra que se ia perdendo em tão soturno episódio.

Descontou com o vice-capitão Marco Viola, que aparou escanteio desviado no primeiro pau por Staudt, jogada ensaiada desde 2011 e que sempre surte efeito quando utilizada pelo time, e depois partiu para a reviravolta impossível. Staudt por pouco não diminuiu ainda mais ao atirar cruzado após vencer a disputa com dois zagueiros quando Fernandes serviu-o  atrás da defesa, chute que foi bloqueado por carrinho milimétrico do defensor; Rodrigo Dresch tentou duas vezes de cabeça, mas foi barrado no momento do toque pela retaguarda contrária; Staudt novamente anotou em penalidade máxima quando o Mimo era só defesa.

Com o 3x6 e pressão, o Trem Fantasma queria mais, e Dresch quase marcou ao cabecear no segundo pau; Carlos Fernandez cobrou falta com perigo nuclear, salva pelo zagueiro quando já ninguém poderia interceder atrás dele para evitar que o jogo voltasse a ficar aberto. O placar, porém, permaneceu como estava, diminuindo o déficit que apresentava a equipe em meio às mais sombrias previsões, o que demonstra capacidade de indignação. No entanto, de nada adianta apresentá-la depois de instituída a corrosão social. É fundamental que ao se apresentar no campo de batalha a sociedade expressana saiba como lutar, o porquê, e para quem.

Nota da Redação: na tarde desta quinta-feira, 1º de maio, dia do trabalhador, o Expresso escolheu o seu caminho a seguir, apoiado em suas tradições. Mas esta é uma história para a próxima edição...

Expresso da Madrugada 3x6
PT = 1x4
Local: CT Muradás, Canoas
Data: 26/04/14
Horário: 10h

Copa Farroupilha
Escalação: Mateus Trombetta –  Leandro Silveira, Rodrigo Dresch, Artur Weiss e Nathan Silva; Marco Viola, Ricardo Toscani, Bruno Rodrigues e José Staudt; Geverton Ost e Pedro Fernandes. (Carlos Fernandez, Cristian Pheula e Vinícius Guimarães). DT: José Staudt.

Gols: José Staudt(2) e Marco Viola.